No processo, contínuo e incremental, de ensino-aprendizagem não é o tamanho de cada passo que é importante, mas sim a probabilidade de que o melhoramento vai continuar toda semana, mês ou qualquer período de tempo adequado. Nós adaptamos o ciclo PDCA para nossas rotinas e, claro, inserimos termos associados ao mundo do Samba: Ensaio, Desfile, Apuração e Resenha. Esse tipo de hábito, assim como numa maratona, requer grande esforço para mantê-lo no rumo certo por uma longa duração. A natureza do conceito de melhoria contínua, de questionamento constante e repetitivo de cada etapa, programa ou passo, é bem caracterizada pelo chamado ciclo PDCA ou "Roda de Deming", assim chamado em homenagem ao famoso guru da administração e da qualidade, William Edwards Deming (1900-1993). Deming teve seu nome "emprestado" ao PDCA como consequência da grande notoriedade que deu ao uso iterativo do ciclo, que envolve planejamento, produção, medição e aprendizado, muito associado à gestão da qualidade total.
O ciclo PDCA é uma sequência de ações que são realizadas de maneira cíclica para melhorar o desempenho de uma atividade ou processo, sendo que cada letra representa um verbo em inglês: P - Plan; D - Do; C - Check; A - Act. A primeira etapa, a do Planejamento, envolve a reflexão sobre objetivos, recursos disponíveis (tempo, dinheiro e pessoas envolvidas), diretrizes e metas para estabelecimento dos planos de ação. Nesse estágio, conversar com as partes interessadas mais estratégicas é fundamental, de modo a estabelecer pactos firmes, calibrar expectativas e obter engajamento genuíno. Uma vez que o plano tenha sido bem desenhado e acordado, o próximo estágio é o "D", do fazer. Esta é a fase de execução objetiva, em que pode até haver miniciclos PDCAs para solução de problemas de implementação. A seguir, vem a etapa do "C", da checagem (ou testagem), em que a solução nova implementada é avaliada, para aferir se resultou nas metas esperadas. Finalmente, vem a etapa "A", da ação corretiva, a partir das discrepâncias, entre o planejado e os resultados obtidos. É uma etapa em que ocorre o "feedback" às partes responsáveis, de modo que as premissas bem sucedidas quanto ao que foi planejado são mantidas e aquelas de insucesso são reformuladas. A sequência lógica aqui é a de identificar o que não esteve de acordo com o planejado, descobrir sobre o porquê da discrepância, debater feedbacks e replanejar o próximo ciclo, de modo que os erros cometidos não sejam repetidos. Assim, o processo se repete de modo que, ao longo do tempo, a qualidade vai sendo melhorada continuamente.
Do ponto de vista pedagógico, pode-se aplicar o PDCA, afinal, após diagnóstico inicial do que o aluno tem de conhecimentos, é possível planejar uma trilha de aprendizagem adaptada ao seu ritmo, forças e fraquezas. A partir disso, ele executa o plano, assistindo às aulas e fazendo exercícios e atividades; em sequência, passa por avaliações formativas e, finalmente chega à etapa da ação corretiva, com o feedback recebido das avaliações realizadas, de modo que seu plano de aprendizagem seja adaptado ao apurado e projetado para os desafios futuros.
A cultura PDCA é muito potente, pois além de estabelecer um método de trabalho consistente, de aprendizagem contínua a partir dos erros, ela favorece a adaptabilidade, o trabalho em grupo e a atenção aos detalhes. Reforçada pela prática, com feedbacks rápidos e regulares ao longo do tempo, ela não só ajuda a construir um sentimento de confiança entre as pessoas que operam o sistema para melhorá-lo, como também incentiva a inovação.